quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O que é o Folar?

Hoje em dia quando se fala em folares, relembra-nos a Páscoa, antigamente só se confeccionava e se vendia os folares era nessa altura do ano, hoje em dia é completamente o contrário, o produto é confeccionado e vendido ao longo de todo o ano.
O folar de Trás-os-Montes é uma bola redonda ou rectangular, em massa dura, feita com farinha, ovos, leite, manteiga e azeite, que encerra bocados de carne de vitela, frango, coelho, porco, presunto e rodelas de salpicão, cozidos dentro de massa, são feitos em casa, no forno onde normalmente se coze o pão mas também nas padarias locais que oferecem apenas os fornos.
Existem em Portugal diferentes espécies de folares, consoante a região. O mais corrente e divulgado é um bolo em massa seca, doce e ligada, feita com farinha triga, ovos, leite, banha ou pingue, açúcar e fermento e condimentado com canela e ervas aromáticas – uma espécie de regueifa ou fogaça – comum em todo o Sul, no Algarve e no Alentejo, na Estremadura, nas Beiras e na zona do Porto.
No sul são redondos, espessos e maciços e comem-se no domingo de Páscoa, ou, em certos sítios, na Sexta-Feira Santa, na segunda-feira a seguir à Páscoa ou na Pascoela. Nos arredores de Lisboa têm a forma ovolada, em Aveiro a de coração e podem tomar formas zoomórficas, lagartos, pintos, borregos, pombos, etc.
Este produto ficou conhecido porque antigamente na altura da Páscoa, os afilhados ofereciam os folares aos seus padrinhos como forma de agradecimento, hoje em dia em certas regiões do país ainda se cumpre esta tradição, sendo que com o passar dos tempos esta tradição vai-se desvanecendo. 

Como se Faz?

Aquecem-se os ovos com quase um litro de azeite, sal a gosto (uma média de três dúzias de ovos para dez quilos de farinha). Deita-se a farinha numa assadeira e dentro dela os ovos aquecidos em azeite, mistura-se com fermento, feito no dia anterior, bem desfeito. Amassa-se muito bem e põem-se a levedar. Quando a massa tiver aumentado para o dobro está em condições de ir para as formas. Untam-se estas com azeite e coloca-se uma camada de carne (presunto, salpicão, linguiça, galinha estufada em azeite), mas sem cebolas, tudo partido em pequenos bocados. Outra de massa, outra de carne, terminando com uma de massa. Fica a levedar mais uma hora e meia e quando a massa tiver aumentado para o dobro está pronta para ir ao forno (este deve estar bem quente). Depois de cozidos os folares, no momento em que se retiram, besunta-se a parte superior com uma gema de ovo.

A Lenda do Folar da Páscoa

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem. Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe. No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.